Obriguei-me a tirar um tempo para falar do que se passou. Ainda mais eu que, mesmo sendo tão próxima de Dele, não seja nada religiosa, e tão pouco conheça das suas escrituras.
'Então estais guardando-me?' Sendo assim, é preciso admitir que é dolorido demais ser desviado do caminho que todos seguem.
Por outro lado, seria uma resposta para essa dúvida que anda corroendo meus dias ‘O que eu vim fazer aqui?’ Num mundo onde a indiferença anda cada vez mais em alta, e se importar com alguém é pedir compromisso ou algo assim.
A dor do livramento é terrível. Terrível e aceitável. Eu quero algo porque o vejo ali no fim da rua. Mas Deus, sentado em cima do meu telhado (de vidro), olha aquelas três ruas além e percebe que me deixar atravessar aquela avenida custará um preço alto demais. Aí Ele me livra. E aí consequentemente dói. Nesse mesmo mundo em que a gente sempre precisa de alguém, é muito duro não poder chegar ao fim daquela rua e abraçar quem você quer, e juntos, poder atravessar aquela avenida e seguir, juntos, as outras ruas.
Eu não pude abraçá-lo. Deus me abraçou primeiro. E quando eu já iria dizer ‘me abraçou, mas me deixou aqui em prantos sozinha!’ Ele se explicou. Mas o fato é que a dor também pegou carona no abraço.
Livrei-me do que Ele não queria pra mim, mas não pude me livrar da dor de querer. Tal dor que pulsa toda vez que eu lembro o quanto eu queria ter chego ao fim daquela rua, mas eu não pude...