Lembro que no Natal do ano passado, dentre tantos presentes, eu esperava abrir uma caixa ou um pacote qualquer em que eu encontrasse um amor. Há muitos Natais eu já não acreditava que pudesse amar ou ser amada sinceramente outra vez. Talvez primeira vez, já que o que eu pensei tanto tempo ser amor nem era amor tanto assim, não da outra parte. Bem, abri todas as caixas, todos os pacotes, e nada. O Ano Novo chegou, semanas se passaram, e o que eu achei que era a minha encomenda, realmente tinha chego. É estranho como deciframos Deus. Falamos ‘Ele mandou meu presente!’... E nem paramos para pensar que Ele pode nem ter nada a ver com aquilo, e que podemos estar entendendo tudo errado.
Hoje, finalmente, eu entendo certo. Eu não tinha ganhado aquilo de presente de Deus. O que Deus te dá de presente, sofrimento nenhum tira e lágrima nenhuma gera. É, eu havia entendido mesmo tudo errado! Tanto que neste Natal, eu pedi ‘Por favor, Pai, eu não quero um amor! Eu não quero amar e nem pensar que estou sendo amada. ’
Hoje acabei de abrir meus presentes, nada chegou. Espero que os perfumes, as pratas, as roupas, as sandálias me façam feliz sem arrancar lágrimas e sem deixar a dor quando acabarem. Não, eu não quero amar de novo. Não enquanto for para eu amar quem nem sabe o que é o amor.
'Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
(Mas...)
O amor é a coisa mais triste quando se desfaz'
Vinícius de Moraes