'Tentei ser como eles,todos tão iguais, mas no mundo onde vivo, todo mundo ama alguém a mais - ou nunca amou.'

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Volta?


Um ar estranho de o querer bem onde quer que ele esteja. Mas ar frio. Ar de chuva. Ar em movimento de vento gelado tocando a pele, inesperadamente, numa manhã fria de primavera. Nostalgicamente você vê tudo nublado. As flores aconchegadas em seus lares, o sol tirando uma folga, e o vento se encarregando de dar conta de todo e qualquer efeito. Meu coração quase tem vontade de dizer “Prazer, estou tão gelado quanto você!”, mas o vento não dá tempo. Passa correndo, passa gelando, passa e volta. E nunca tem tempo para uma exclamação. Assim como ele. Ocupado demais, passa e volta, e nunca fica. O vento não percebe que, de certa forma ele precisa de mim. De nada teria sentido passar e voltar se não pudesse tocar. A pele. A emoção. Um coração, talvez. Mas não tem tempo, nunca! Precisa correr do sol. Foge do calor. Calor permanente para o vento desaconchega. E o vento tem medo de não ser mais dono de si. Entregado num calor constante e passageiro de inúmeras peles, passa e volta. E passa. Como hoje, o vento prefere dias nublados. Passa, toca a pele, vai, deixa o frio. Eu odeio dias de chuvas porque o toque do vento, seu frio, me faz lembrar de como éramos quentes juntos. Num momento em que ele, o vento, passou e ficou, pra mais além partir pra nunca mais. Passou pra não voltar. Passou. E ficou por lá.

-Vento, volta? Tá tão triste sentir a chuva sem o teu ar pra me esquentar.

Como numa equação de matemática, onde sinais iguais, mesmo que negativos, dão positivos, dois corações gelados se esquentavam. E eu sinto falta até do teu frio. Da tua frieza passa e volta. Que passou e não voltou.

-Vento, volta?

domingo, 19 de setembro de 2010

Uma legião de descartáveis descartados

Gente vazia ao meu redor anda prejudicando mais meu domingo do que ressacas de fins de semanas. E olha que é gente que está ao meu redor, e não internalizadas na minha vida.

O mais engraçado é como de repente percebemos o quanto o que ‘vem de fora’ é capaz de nos atingir. Tira o sono, tira a fome, dá azia. Será auto-estima baixa?

Pensei nisso horas seguidas e conclui que não. Está mais para valores perdidos. Eu cultivo o meu ‘valor’ e os meus valores, mas quando um mundo inteiro não anda cultivando, isso consequentemente me afeta.

Vejo gente vivendo como se os dias fossem descartáveis e as pessoas mais ainda. Você usa o outro, suga o outro, rasga o outro e passou. Vamos, vamos rápido que amanhã é outro dia e todo e qualquer contato ficou pra traz!

Ao analisar isso tive também que rever minhas crenças. De certa forma, descobri que acredito em vampiros. Aliás, vai chegar uma hora que ‘ser humano’ vai ser lenda!

É uma espécie de vampiro que anda tomando conta do mundo, E vampiros com mutação. Não se suga mais só o sangue, se quer a companhia, a atenção, a compensação de prazer, um pedaço de alma. Mas como diz a canção: ‘Só por uma noite’!

No escuro de uma balada ou na escuridão de um trauma emocional, pessoas se usam, se jogam um ao outro e depois se jogam fora. Não há nada a perder, a ‘fila anda’, você se distribui e fica tudo certo. Logo logo haverá vampiros em promoção. CUIDADO, mercadoria de promoção dificilmente tem garantia! Depois não venha culpar Deus ou o destino por estar vivendo dentro de um cachão em plena vida. É exatamente lá que vampiros dormem. Têm medo da claridade, dos olhos nos olhos, do sentir. Cheiro de ‘vida’ ou fortes emoções os secam até virar pó. Um cachãzinho confortável é muito mais cômodo.

O fato é que, eu estou atrás de seres humanos. Mas vampiros mutantes têm me perseguido. Chego a ter medo de a mutante ser eu. Nasci com mutações de bondade, amizade verdadeira, disposição para me doar.

Tem gente que tem medo de mim. Sabe que não ando em promoção, muito menos em filas. Tem medo porque se acostumaram com tudo que é descartável, sabe que o descartável é mais prático, no outro dia você não tem que lavar a louça suja. Joga no lixo, que outro recicla e outros usam.

Quanto a mim, que já lavei tanta louça na vida, não curto gente usada, nem gente descartável. Gosto de louças simples ou caras, mas louças raras, que não encontramos em qualquer promoção por aí. Mas e a minha louça, quem vai lavar? Vampiros mutantes, além da claridade, também têm medo de água.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Balada


Jhony pegava Nicoly que dava para Hugo
que corria atrás de Letícia que sempre ficava com João Vitor que amava Raíssa
que não amava ninguém.
Jhony foi fazer faculdade em São Paulo, Nicoly virou garota de programa,
Hugo morreu de overdose, Letícia ficou solteirona,
João Vitor virou alcoólatra e Raíssa casou com Dr. Carlos Araujo Lisboa
devido a sua enorme conta bancária.