'Tentei ser como eles,todos tão iguais, mas no mundo onde vivo, todo mundo ama alguém a mais - ou nunca amou.'

sábado, 27 de agosto de 2011

Pressa, pressa, pressa... Me apresse por favor?


A gente anda com pressa demais pra morrer. Anula os sonhos, os anseios, as saudades. Anula o beijo a salivar. Buscamos o mundo perdendo as horas. Velamos diariamente os nossos melhores momentos.

A gente tem pressa demais. Pressa pra que a hora passe. Pressa que a vida acabe. Pressa pra dizer adeus. Velamos presença com a chama da ausência. A gente desiste de perdoar.

A gente, tão informal na língua, cria a forma mais culta de dizer 'nós'. E esquece que nós é mais que eu, mais que ele, mais que ela. 'Nós', há muito tempo deixou de ser plural. O pronome agora anda solitário pelas ruas tristes de uma cidade comum. Ele antes, tão complexo, tão contábil, tão plural, agora tem pressa. Vive com pressa, dorme e amanhece na pressa. Na pressa de viver e na ânsia de morrer, ficou vazio.

A gente deixou de ser plural há muito muito muito tempo atrás. Ninguém mais se importa, ninguém mais estende a mão, ninguém lembra que um dia, mesmo num dia qualquer, precisou do outro, precisou de alguém, precisou ser plural.

A gente virou ninguém, nós viramos ninguém. Esquecemos de sentir saudade. Desistimos de voltar atrás, de subir aquele morro, de descer naquela rampa, de escutar a canção. A gente outrora já foi pleonasmo, agora tão pouco restou como pronome.

A gente anda coisa 'indentificável'. Porque a morte chegou cedo demais. Morremos homeopaticamente em cada manhã bonita. Porque viramos sujeitos indeterminados, tanto de 'cara' como de coração. Viramos também sujeitos ocultos. Ocultos no sorriso, no abraço ou na dor do outro. Foi a gente mesmo que escolheu morrer cedo demais.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Desabafo de uma manhã simples ou qualquer.

Devido ao tempo, o café que era pra ser quente está frio. Por causa do tempo, os dedos, o nariz, os pés sempre tão quentinhos, estão congelados. Em motivo do tempo, minha cama normalmente quente, agora fica fria ainda que cheia de cobertas. Devido ao TEMPO, meu coração antes tão quente, ficou frio frio frio. Ainda assim, sinto muito se não fui seu grande amor. Quando as coisas estão frias, não doem. A não ser que tristeza seja uma metáfora pra dor. E só.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre!
Tudo é vário.Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos!
E apesar de saber de tudo isso. Porque algumas dores duram tanto?
Porque alguns sentimentos (diga-se de passagem os mais ridículos) demoram tanto a passar?
Porque olhar pra ele reaviva esperanças perdidas e suscitas lágrimas quentes até então contidas?
Porque o cérebro ainda não inculcou no coração que esquecer faz bem a sáude?
Porque tudo não pode ser como um bonito filme francês?

- Chico Buarque

sábado, 23 de julho de 2011

E então num momento qualquer ou não se percebe que o coração já está curado. E quando um caração se cura sozinho, sem usar alguém como medicamento, você compreende que as coisas que você procura já estavam procurando por você.










segunda-feira, 11 de julho de 2011


Filme: Le Fabuleux Destin d´Amelie Poulain


(Quadro "Le déjeuner des canotiers (O almoço dos barqueiros)" - Pierre Auguste Renoir)

- Sabe a garota do copo d´água?
- Sei.
- Se parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai por ordem?
...


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Entrelinhas



E na falta de opção ele vai se arrepender. O outro também se arrependeu por ser paciente do acaso. Eu sei que às vezes, ou sempre, o acaso é tudo que temos... Meus casos resultam disso. Mas meus compromissos nunca se procriaram de meros acasos. Ele não sou eu. Graças! Se ele fosse isso seria algo tão... digamos: muito! Muito menos sou exemplo algum de sorriso brilhante no altar. Só me pego a pensar em todos aqueles que desenham uma vida a dois baseada no fracasso da sua falta de opção. Assim, analiso os que passaram por mim, que com certeza em suas ignorâncias nunca leram Robert Frost e o famoso trecho ‘Em algum ponto, duas estradas bifurcavam numa árvore. Eu trilhei a menos percorrida e isto fez toda a diferença.’

Deveras! Ambos foram ‘maria vai com as outras’ e ‘rastaram pé' na estrada que estava ‘bombando’... Sempre algo financeiro vem de brinde do acaso: Uma mulher com uma conta bancária ótima ou mesmo uma coitadinha que abre caminho pra uma casinha de brinde e um lar feliz.

- Feliz?

- Sim senhor. Temos cerveja na geladeira e uma boa transa pra fechar a noite!

- Mas e a turma?

- Que turma, vida?

- Minha turma, TUDO que eu tenho, TUDO que eu construí ao longo dos meus TANTOS anos...

- Ah sim, deixamos a transa pra mais tarde e você pode beber o resto da noite, amor. Ou o resto da semana... Sou toda a sua disposição.

Em escolhas feitas ao acaso, falar em amor não combina. Casos pedem falta de compromisso mesmo selando algo dourado em uma parte qualquer. Mãos que foram incapazes de abrir um livro, mesmo que de presente, perderam a honra de refletir qualquer objeto de brilho.

Poderias me dizer:

- Fica com teus livros, com teus sonhos e com tua solidão, que eu fico com a minha falta de perspectiva e minhas escolhas ocasionais para até que a morte separe.

Que eu provavelmente te responderia:

-Fica com teu álcool, tua turma e tua menina coitada qualquer, que na estrada menos percorrida que eu tenho trilhado tem GOZO, tem DIÁLOGO, tem VERDADE. Tem até AMOR... Mas isso já seria uma outra longa história até que eu pudesse explicar-lhe o mais simples significado.

Para quem não entende as coisas mais convenientes da vida, tão pouco entenderá quaisquer entrelinhas.



*Lapsos de uma tal Juliana seguindo instruções médicas de uma tarde (nem tão) qualquer.*





sábado, 2 de julho de 2011


"Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. (…) A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. (…) Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe; e se sabe, me entende."

(Guimarães Rosa)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A viúva do viúvo

Conheceram-se, namoraram, amaram, casaram, tiveram filhos, desamaram, separaram-se, depois de tanto verbo conjugado em comum. Ele sumiu por aí, no anonimato sem responsabilidades. Ela ficou criando a trinca sem pai. Sem notícia um do outro, tempo passando, acontecimentos acontecendo, vida no corre-corre. Ela até nem se lembrava mais de que fora casada. Eis que o marido reaparece na lembrança, quando uma filha lhe diz:

– Mãe, o pai está no hospital.

Que pai? Não sabia de pai nenhum, o seu morrera há tanto tempo, depois de dar tanto trabalho. (Descansa em paz, deixando a família descansada.) Há outros pais vivos por aí? De quem?

– O meu, uai.

Ah, sim. O pai dessa moça que está à sua frente, essa moça que é sua filha, e que antigamente tivera um pai. Um pai que fora seu marido, e que nunca mais aparecera, jogando sobre suas costas a obrigação de criar e educar os filhos. Como as coisas emergem de um poço escuro, de repente! Pois não é que o ex-marido voltava à tona, com seus sinais particulares, seu modo de falar, seu jeito de ser e viver? Tão antigo, tão inexistente – mas ali.

Ela parecia não dar mais atenção ao que a filha ia dizendo.

– Escutou o que eu disse?

– Hem?

– O pai está no hospital.

– Que é que ele foi fazer lá? Vender seguro de vida aos doentes? (Agora se recordava de que ele fora corretor de seguros.)

– Está doente.

– Como você soube?

– Mandou me avisar. Não tem ninguém com ele, só a gente do hospital.

Então estava sozinho, depois de muitos anos, e se lembrava da filha para ter companhia no hospital. Não chegou a ter pena. Estavam tão distanciados os dois, que era como se soubesse que um japonês emYamagata sorria de dor de dentes. A filha esperava um comentário, uma reação.

– Vai lá, querida.

Mais do que isso não poderia dizer, porque não havia nada mais a exprimir. Amores fanados não reverdecem, quando a vida caprichou em esmagá-los bem. Se alguma coisa tivesse ficado exposta à luz, se um gesto dele, mínimo que fosse, ao longo de tanto tempo, alimentasse um resto possível de sentimento, ela agora teria pena. Mas pena de quê? de quem? se nem de si mesma sentia mais pena, conformada que estava com o irremediável das coisas, e refugiada, também, no pequeno mundo que se construíra e em que convivia com artistas obscuros do passado, através de estudos e pesquisas que eram uma fonte de prazer, compensador de alegrias que não tivera no casamento?

– Vai, minha filha, e vê o que ele precisa.

A filha foi e voltou contando que ele estava mal, parece que dessa não escapava. Como de fato não escapou. Sem pessoa alguma para cuidar do enterro, nem bens que pudessem custear a despesa, quem tomaria providências?

Então a ex-esposa, pessoa decidida, acostumada a fazer na hora certa o que é necessário fazer, decidiu presentear o ex-marido com o enterro decente que ele não tinha merecido, e que a ela custaria uma nota desarrumadora do seu orçamento modesto. Procurou a funerária, disse que pagaria tudo.

O empregado perguntou-lhe, entre xereta e reticente:

– A senhora... era companheira do falecido?

– Companheira? Sou viúva dele!

– Perdão, mas o falecido, quando se internou no hospital, declarou que era viúvo. A senhora quer ver? Vamos lá na Secretaria.

– Pois eu sou a viúva do viúvo, entende? E não estou fazendo nada para ficar com a herança dele, que não deixou um tostão de seu, além de me matar no papel. E vamos com esse serviço depressa, que eu preciso cuidar da minha vida de viúva-desquitada há muito tempo, tá bom?


(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 24 de maio de 2011

‘Eu sempre disse que seria mais feliz sozinha. Eu teria meu trabalho, meus amigos. Mas ter mais alguém na sua vida o tempo todo? É mais trabalho do que vale a pena. Aparentemente, eu superei isso.
Tem uma razão para eu dizer que seria mais feliz sozinha. Não foi porque eu pensei que seria mais feliz sozinha. Foi porque eu pensei que se eu amasse alguém... e depois acabasse... eu talvez não sobrevivesse. É mais fácil ficar sozinho. Porque, e se você descobrir que precisa de amor? E depois você não o tem. E você gostar? E depender dele? E se você modelar a sua vida em torno dele? E então... ele acaba. Você consegue sobreviver a esse tipo de dor? Perder um amor é como um órgão danificado. É como morrer. A única diferença é a que morte termina. Isso, pode continuar pra sempre.’

(Meredith Grey, in GREY’S ANATOMY, Season Finale 07x22)

quarta-feira, 30 de março de 2011

"O que mata um jardim
Não é mesmo alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim
É esse olhar vazio
de quem por eles passa
indiferente"
(Mario Quintana)




Dizem que é um coração partido… Mas meu corpo inteiro dói. E se ficar assim pra sempre?

domingo, 20 de março de 2011



'O amor é isso. Não prende, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser laço.'


(Mario Quintana)

'Se existe alguém que pode machucar você, existe alguém que pode curar suas feridas.'

(Clarice Lispector)


quinta-feira, 17 de março de 2011

"Até certo ponto, medicina é uma ciênica. Mas eu diria que também é uma arte. E aqueles médicos que veem medicina só como ciência? Não vai querê-los ao seu lado quando o sangramento não parar. Ou quando seu filho estiver chorando de dor. Especialistas seguem as regras. Artistas seguem o instinto. Os artistas sentem sua dor. E chegam a extremos para fazê-las parar. Medidas radicais. É aí que acaba a ciênica e a arte começa.

[...]

Cirurgia é radical. Cortamos seu corpo, tiramos partes. E colocamos a sobra para dentro. Ainda bem que a vida não vem com bisturi. Porque se viesse, quando tudo começasse a doer, nós iríamos cortar, cortar e cortar. Acontece que, o que tiramos com um bisturi não pode ser reposto. Então, como disse...É uma boa coisa..."

(Grey's Anatomy - 7X11)

terça-feira, 15 de março de 2011



'A vida podia ser apenas estar sentado na relva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as respostas, ou por serem estas de tão pouca importância, que descobri-las não valeria a vida de uma flor.'

(Saramago)

sexta-feira, 11 de março de 2011

12:00 A.M

Estar sóbria tem metaforizado uma crise existencial. Prefiro o gasto, o esquecimento, o estrago. Pago para ficar tudo bem. Não me incomoda o valor, o desgaste e a vergonha. Pago pra me fazer sorrir! “Uma cerveja, por favor?” Duas, três... e vai. Comprei o meu sorriso e o seu por estar comigo.

Hoje estou sóbria e não há nada que eu possa pagar. Não falta a grana, está faltando as sobras. Sobra de todas as coisas casuais que eu comprei nos últimos anos. E não há nada que compre ou que pague tudo o que não me sobrou.

Ganhei muita coisa e perdi muito mais. As coisas que não me sobraram se dissolveram nos restos das noites. “Mais uma cerveja, por favor?” Eu preciso do gosto, da visão dilatada, do que acho que seja. Salto, rímel, glamour. Tudo em excesso e sem sobra.

“Quer uma cerveja?” “Não, obrigada!” Desci do salto, diminuí o rímel e sobrou glamour. Sobrou história, sobrou lembrança, sobrou tudo que nunca restava. Hoje estou sóbria.

quinta-feira, 10 de março de 2011

'Se tu sentir saudade, deita na minha cama e olha para o teto do meu quarto. Tu vai ver, talvez pela primeira vez, que as estrelas que o velho colou não estão mais lá. Faz tempo que isso aconteceu. Chove toda vez que eu sinto saudade, mas algumas coisas ficam mais bonitas quando se transformam em lembranças. A última caiu, não faz muito tempo. Ela está no bolso de trás da minha calça e vai ficar aqui até quando eu voltar e te abraçar de um jeito tão mais forte do que tu poderá entender…'

(Ismael Caneppele, in 'Os Famosos e os Duendes da Morte')







COMO DEVE SER UMA MULHER...


(Por : Arnaldo Jabor)

"É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada. Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada, se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps.


Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite?


O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí?

Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!"

"E não se esqueça....


Mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho!!!"



‘A conta da saudade quem é que paga?

Já que estamos brigados de nada…

Já que estamos fincados em dor.'

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Efemeridade diferenciada


Eu tinha uma ferida. Dessas que achamos que não vai sarar jamais. Então apareceu um remédio que curou. Como era um experimento, teve seu efeito colateral. Curou a ferida, mas começou a interferir outros órgãos, criando uma outra doença. Persistiu, se espalhou, enraizou.

Foi então que me sugeriram uma nova droga, outro experimento. Alguém que está ferido e precisa da cura costuma não evitar muito a medicação. Mas quando estamos bastante acostumados ao fracasso de alguns métodos, de início não botei muita fé.

O medicamento funcionou, quase que de efeito imediato! Regenerou os órgãos atingidos, diminuiu quase que em totalidade as dores diárias. Eu diria até que mudou o ânimo e o humor. Não teve efeito colateral. Pior que isso, ACABOU O ESTOQUE.

Como sabemos que parar com a medicação sem encerrar o tratamento pode fracassar o sucesso, ontem um órgão latejou de dor. Hoje outro acordou danificado. Agora são dores voltando juntamente com a abstinência e precisão urgentíssima do novo medicamento.

Será que o carinho, a importância e o querer bem também entraram em falta na farmácia da vida? O amor já está em falta faz tempo... Tanto que solucionaram o problema substituindo-o pela efemeridade.

Infelizmente a minha dor não é efêmera. Muito menos passageira, Há restos, destroços e saudades inclusas. Sim, eu aceito uma nova droga. Só precisarei verificar se tem estoque o bastante para o tratamento, caso este venha a ter sucesso. Porque pior que o fracasso de um experimento, é o seu sucesso sem o gosto do dia seguinte.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Quando nem todos os dias são dias de sol



'Todos temos os nossos momentos de fraqueza, ainda o que nos vale é sermos capazes de chorar, o choro muitas vezes é uma salvação, há ocasiões em que morreríamos se não chorássemos.'
(José Saramago - Ensaio Sobre a Cegueira, p.108)

Coração nem sempre é só um órgão...




Macabéa:
Glória, você me arruma uma aspirina?


Glória: Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, mas isso custa dinheiro.

Macabéa: É para eu não me doer.

Glória: Como é que é? Hein? Você se dói?

Macabéa: Eu me dôo o tempo todo.

Glória: Aonde?

Macabéa: Dentro. Não sei explicar.

(Clarice Lispector, in 'A Hora da Estrela')

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Catarse

O mundo dá voltas. Ele para exatamente onde você deixou coisas pendentes. O tempo, as circunstâncias e o ambiente têm influência sobre nós. Coisas que antigamente, em hipótese alguma, faríamos, passam a virar parte da rotina. E são partes essenciais até resolvermos a pendência. Muitas vezes para em vão, deixando-nos sem respostas às perguntas que percorreram fiéis em todas as voltas. Então, prosseguimos. Firmes ou não. Mas continuamos o caminho. Dando mais voltas e voltas, conhecendo mais pessoas, adquirindo novas feriadas e curando velhas. Para parar exatamente no que ficou pendente. Infinitas vezes... Até que tenhamos uma simples resposta para seguir e não parar mais.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Me responde que te esqueço!


Quando eu era pequena minha mãe me ensinou que não se pode comparar a dor de uma pessoa com a de outra, porque cada qual tem sua intensidade e justificativa. Hoje ela tenta me convencer que é assim para o amor também. Eu não concordo. Quem ama demonstra. Quem ama cuida. Quem ama não te faz só uma opção, mas uma prioridade.


- Está 'amando, amando, amando' ???

- Sim, amando!

- Mentira!


Dentre tantos milagres, 'bom dia' ainda não virou 'amor'.




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011


Temendo que o meu coração se torne um deserto tão seco como aquele no qual eu quis tanto regar!

domingo, 23 de janeiro de 2011

“O que é pior: novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deviam ter sarado anos atrás, mas nunca o fizeram?” (Meredith Grey)