segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
domingo, 23 de janeiro de 2011
sábado, 15 de janeiro de 2011
--------- TUDO! Menos o beijo ---------
Eu lembro de tudo, menos do beijo.
Eu sinto o gosto dele
como que por um cheiro na memória.
Mas não lembro o sabor da saliva.
Quando minha saliva se mistura a outra saliva,
eu procuro o gosto dele.
É então que me percebo em desespero,
morna, tensa, tácita.
Eu não consigo lembrar o beijo dele.
Oh Deus, como eu procuro o beijo dele
em todos os outros beijos...
Mas não consigo me lembrar!
Numa coisa alucinógica
onde procuro ao mesmo tempo esquecer.
Lembrar e esquecer numa mesma procura.
Esquecer do gosto, do cheiro, do beijo...
O beijo que eu já nem me lembro mais.
Do beijo em que a saudade é sofrida
em todas as outras bocas.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Comer, Rezar, Amar... (e Compreender!)
Semana passada terminei de ler o livro 'Comer Rezar Amar'. Incrivelmente demorei cerca de dois meses para terminá-lo de ler. Como me reconhecia em cada linha, em cada página, em cada acontecimento, percebi que era necessário utilizá-lo como um auxílio de mudança em minha própria vida. Cada página lida era minuciosamente e muitas vezes, relida, grifada, marcada. Comecei então a perceber a mudança nos meus pensamentos, nas minhas atitudes, cada vez que me deparava com novos obstáculo, coisas obscuras e aprisionamentos do passado dos quais eu não conseguia me libertar. Quando acabei de ler, assisti ao filme, que por sinal estava em cartaz há alguns meses. Tenho que admitir que foi traumático, porque o livro é incrivelmente, incomparavelmente, literalmente melhor. Diante de muitas conversas e citações com os amigos, a pedidos, e por necessidade, resolvi publicar aqui o trecho que para mim foi o melhor e mais profundo, muito provavelmente por eu ter me identificado de imediato. Segue assim, algumas linhas que quem saiba possa te ajudar a ‘se’ entender melhor.
'O vício é a marca de toda história de amor baseada na obsessão. Tudo começa quando o objeto de sua adoração lhe dá uma dose generosa, alucinante de algo que você nunca ousou admitir que queria – um explosivo coquetel emocional, talvez, feito de amor estrondoso e louca excitação. Logo, você começa a precisar dessa atenção intensa com a obsessão faminta de qualquer viciado. Quando a droga é retirada, você imediatamente adoece, louco e em crise de abstinência (em falar no ressentimento para com o traficante que incentivou você a adquirir esse vício, mas que agora se recusa a descolar o bagulho bom – apesar de você saber que ele tem algum escondido em algum lugar, caramba, porque ele antes lhe dava de graça). O estágio seguinte é você esquelética e tremendo em um canto, sabendo apenas que venderia sua alma ou roubaria os seus vizinhos só para ter aquela coisa mais uma vez que fosse. Enquanto isso o objeto da sua adoração agora sente repulsa por você. Ele olha para você como se você fosse alguém que ele nunca viu antes, muito menos alguém que um dia amou com grande paixão. A ironia é que você não pode culpá-lo. Quero dizer, olhe bem para você. Você está um caco, irreconhecível até mesmo aos seus próprios olhos.
Então é isso, você agora chegou ao ponto final da obsessão amorosa - a completa e implacável desvalorização de si mesma.'
(Elizabeth Gilbert, in 'Comer Rezar Amar', pg 28)