'Tentei ser como eles,todos tão iguais, mas no mundo onde vivo, todo mundo ama alguém a mais - ou nunca amou.'

segunda-feira, 25 de outubro de 2010


A Felicidade Pode Demorar
(Luiz Fernando Veríssimo)


Ás vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado. Às vezes nos falta esperança.
Às vezes o amor nos machuca profundamente, e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida tão dolorosa.
Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar, tanto quanto precisamos respirar.. é nossa razão de existir.
Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino.
Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa.
Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um por do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto, é a força da natureza nos chamando para a vida.
Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade. Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo.
Você descobre que algumas pessoas nunca disseram eu te amo, e por isso nunca fizeram amor, apenas transaram.. descobre também que outras disseram eu te amo uma única vez e agora temem dizer novamente, e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajudá-las a reconstruir um coração quebrado.
Assim ao conhecer alguém, preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu, são fatores importantes...
Não deixe de acreditar no amor, mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá, manifeste suas idéias e planos, para saber se vocês combinam, e certifique-se de que quando estão juntos aquele abraço vale mais que qualquer palavra.. esteja aberto a algumas alterações, mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoa te deixar, então nada irá lhe restar.
Aproveite sua familia que é uma grande felicidade, quando menos esperamos iniciam-se períodos difíceis em nossas vidas.
Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento, manter um grande amor, pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco, pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar e seu sofrimento será ainda mais intenso, do que teria sido no passado. Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é necessário, existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e percorrê-lo.
Não procure querer conhecer seu futuro antes da hora, nem exagere em seu sofrimento, esperar é dar uma chance à vida para que ela coloque a pessoa certa em seu caminho.

"A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna. A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é que ela venha para ficar e não esteja apenas de passagem..."


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quase Indefinido


Um quarto diferenciado. Um dia bem vivido. Um elogio bem recebido. Um pograma bom na TV. Uma explosão de não entendimento por dento. Uma insônia. Nenhuma saudade. Um plano.

- Não, eu não tenho um plano.

Ele é que o tem.

domingo, 17 de outubro de 2010

Eis que surge uma filosofia descascando amendoim...



A mão é a vida. Os amendoins somos nós. Vamos ao forno, passamos por um terrível calor até torrar-nos.

Aí é preciso que a vida descasque. E isso requer paciência, cuidado para deixá-los inteiro, sem hematomas. Dentre a imensidão, muitos não resistem, morrem queimados pela combustão, outros ficam feridos e marronzinhos demais, sem utilidade. Os melhores se salvam. Ficam no ponto. Resistem a todo o doloroso processo. São fortes.

As mãos que os descascam fazem carinho naqueles que saem perfeitos, begezinhos, gordos e lindos. Tem os magrinhos delicados também, merecedores de admiração. As mãos admiram aquilo que ela seleciona. Sente muito diante aqueles que ela precisa jogar fora. Mas fazer o quê? São os que não conseguiram resistir.

Assim somos nós, amendoins em processo degustador. Nascemos, vamos sendo calmamente preparados para o terrível processo da aprendizagem e amadurecimento. Vamos ao fogo. Passamos por terríveis provações. Precisamos resistir. Pois depois que toda a dor passar a vida vai admirar a conclusão do processo, vai acariciar a beleza que surgirá.

Há os que se deixam queimar. Desistem. Perdem a esperança da recompensa. Perdem a fé na vida e em si mesmos. Não conseguem acreditar que superarão. Que será todo o processo da dor que os fará ganhar o sabor.

Aos que resistem vem a recompensa. Quem os prova sente o quanto há de encanto em no gosto, admiram sua estrutura perfeita e veem como ‘aquele’ se diferencia daqueles que morreram pelo caminho.

Há quem não goste de amendoim e ache tudo isso bobageira. Uma pena. Vão provar frutas, doces... outros licores talvez. Que provavelmente não tenham passado por esse metamorfósico processo. Não vão sentir o gosto do amendoim vencedor. Vão gozar da fruta ou do doce, mas não vão os admirar.E prazer sem admiração é só satisfação momentânea. Prazer vazio. Ilusão e prazer.

Degustação requer admiração. Ou não. Tem gente que come por comer. Uma pena. Não enchem barriga. Não nutrem-se. Perdem as preciosas vitaminas que esse grão contém.

Perdem a minha vitamina. Eu amendoim, begezinha e rechonchuda, toda admirada pela mão que me descascou. Admirada por toda uma vida bem amadurecida. Toda superada da combustão. Sobrevivida e pronta para ser provada pelas melhores bocas, tais que saberão devidamente degustar e gozar do meu sabor. Com admiração.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A vida é doce depressa demais



Essa crônica tem latejado no meu entendimento. De repente, somos capazes de compreender que o amor acaba. Que podemos superar aquilo que os anjos mandaram de presente ao mundo, mas que o mundo estava vazio demais pra aceitar. Aceitar o amor. Que sem a aceitação, acaba.


O amor acaba - Paulo Mendes Campos

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

domingo, 3 de outubro de 2010

Clichê


'(...) Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!' (Mario Quintana)


Vai chegar um momento no qual vou encontrar aquele que andou cuidando de si da mesma forma que tenho cuidado de mim. Terá cuidado do seu jardim para mim. Como tenho cuidado do meu para ele. E as flores serão tão coloridas, que entenderemos a verdadeira importância de não se precisar de qualquer 'outro' para seguir os ponteiros dos dias. E então bastará. Todo o resto terá sido o nosso adubo.